sábado, 2 de junho de 2012

Tão perto... o infinitesimal, e o infinito.



As palavras do título desta postagem fazem parte do monólogo final de um dos melhores filmes de todos os tempos, O Incrível Homem que Encolheu, (Universal, 1957)Na verdade esta é até uma maneira de homenagear esse épico, que está completando 55 anos.

O filme conta a história de um cidadão que é envolto em uma nuvem radioativa (bem aquela paranóia atômica dos anos 1950) e a partir daí começa a encolher. Só que ele não para de diminuir, o filme não tem final feliz. No finzinho, ele começa a se questionar sobre seu tamanho (já está menor que um inseto) e a importância disso perante a grandiosidade do universo. Acima você vê este momento, em que ele faz o já referido monólogo que é um dos mais espetaculares da história do cinema  e que tem tudo a ver com o que você está prestes a ler.

Embora eu nunca tenha me familiarizado muito bem com eles (e me confundo até hoje, admito), jamais questionei ou duvidei da importância e poder dos números. O universo é matemático; o próprio tempo é uma equação matemática. Tudo é matemática! Platão já dizia que os números governam o mundo. Então, prepare-se para dois artigos repletos de números... infinitesimais e infinitos, compreendidos entre 10-35m (o menor comprimento físico que existe) e o 1026m (o tamanho de todo o universo observável). Tanto num extremo como em outro há números colossais, que nem sequer têm nome, e são mais apropriadamente escritos sob a forma de potência.
Quando falamos em Google, pensamos logo no site, mas quase ninguém sabe que o nome foi inspirado no Googol, que é 10 duotrigesilhões (ou 10100), mas ele nem é o maior já concebido pelo homem: existem ainda o 01 centilhão (10303) e os inomináveis, incalculáveis e indescritíveis Googolplex (10googol), Googolplexian (10googolplex) e Googolplexianth (10googolplexian). Para uma melhor visualização, dê uma olhada no quadro abaixo.


Os números são infinitos, o universo (talvez) não. Como diria o genial William Shakespeare em Hamlet: "Há mais coisas entre o céu e a terra do que ousa imaginar a nossa vã filosofia".

Na verdade – e eu confesso que, apesar do meu ateísmo, é um conceito bastante racional sob meu ponto de vista biológico – gosto muito da idéia criada nos quadrinhos da Marvel em que o cosmo inteiro possa ser, na verdade, a consciência de uma única criatura, que na ficção da editora se chama Eternidade. Seríamos então como partículas dentro de um lugar qualquer situado no interior de um grande corpo, como piolhos e ácaros vivendo em nossos próprios corpos sem se dar conta disso e, se você parar para pensar, nós somos de fato partículas insanamente pequenas, dentro de outra partícula diminuta chamada Terra tal qual os quarks e léptons que são os "átomos dos átomos", as menores partículas dos múltiplos elementos químicos que constroem tudo que existe e assim por diante. Existem teorias que afirmam que os buracos negros possam ser universos inteiros, supercompactados, mas funcionais. E buracos negros, conforme os leitores do blog já sabem, podem conter inacreditável quantidade de matéria num espaço menor do que nossos microscópios mais poderosos conseguem visualizar. O conceito então não pode ser descartado. Nossa definição de vida (sistema químico autossustentado capaz de sofrer evolução darwiniana, de acordo com a NASA) se refere apenas e unicamente aos organismos vivos aqui da Terra. Não podemos descartar hipóteses de surgimento e mantenimento da vida completamente diferentes do que possa ter ocorrido aqui. A pouco tempo atrás, no final de 2010, a mesma NASA anunciou a descoberta de uma forma de vida totalmente diferente de qualquer outra do nosso planeta... NO nosso planeta. Tudo bem, era apenas uma bactéria habitante de um venenoso lago entupido de arsênico, mas mudou completamente a forma como a biologia conhecia a vida porque a criatura substitui o fósforo (um dos elementos essenciais presentes em TODOS os organismos vivos do planeta) justamente pelo arsênio do lago, uma substância tóxica para qualquer criatura viva (fora ela).


Ah sim, o Eternidade é esse cara aqui embaixo.


Eternidade, a totalidade do universo.

Ao final de ambos os artigos, você terá uma noção dúbia sobre si mesmo e a respeito da própria humanidade: vai se achar uma criatura grandiosa ao mesmo tempo que perceberá quão a humanidade, com seus problemas de economia, religião e política, é desprezível perto da inacreditável vastidão de tudo que existe. Fenômenos cósmicos maiores que o nosso Sistema Solar inteiro, juntamente com acontecimentos tão microscópicos e rápidos que sequer pode-se dizer que ocorreram, estão acontecendo no exato instante em que você lê minhas linhas. Então, se você realmente sair destes artigos ao menos um pouco mais pensativo... terá dado certo.


Escolha qual quer ver primeiro:
"De repente eu notei que aquela pequena e bela ervilha
azul era a Terra. Eu levantei meu dedão e fechei um olho,
e meu dedão cobriu totalmente a Terra. Eu não me senti
um gigante. Me senti muito, muito pequeno."
(Neil A. Armstrong - 1930 / 2012)