domingo, 22 de julho de 2012

O Infinito


Mapa mais completo do Universo que a humanidade conhece.

Se vamos começar, antes de mais nada faz-se necessário explicar que tudo acerca de nosso conhecimento sobre o universo é relativo à nossa posição atual. A Terra  –  bem como o Sistema Solar e a própria galáxia  –  NÃO É o centro do cosmo. Isto era verdade incontestável até o Séc. XVI, quando Nicolau Copérnico colocou o Sol como ponto central do universo. Ele também estava errado. Todo mundo que arrisque um palpite está, porque ninguém sabe onde fica esse centro. Então, o universo conhecido se refere ao que NÓS podemos ver com nossos instrumentos.

O tamanho (estimado) apenas do universo observável é de 93,4 bilhões de anos-luz de ponta a ponta. Isto equivale ao super-hiper-ultra-mega-giga-maxi-colossal número de 431.787.752.667.754.000.000.000km – ou 431 sextilhões, 787 quintilhões, 752 quatrilhões, 667 trilhões e 754 bilhões de quilômetros. Ufa! Trata-se de um número impossível até de se imaginar. Se começássemos a contá-lo a cada segundo desde o momento em que nascemos, demoraríamos quase 14 quatrilhões de anos pra terminar, e isto é quase 1 milhão de vezes a própria idade do cosmo, estimada em 13,7 bilhões de anos.

Calcula-se que existam incríveis 100 bilhões de galáxias no universo – cada uma com mais de 100 bilhões de estrelas (algumas chegam à casa das dezenas de trilhões, como IC-1101). Noves fora, chegamos ao total de 10 sextilhões de estrelas, desde as minúsculas como Gliese 229-B até as monstruosas como VY Canis Majoris. Se você pegar um grão de areia e colocá-lo à sua frente no céu noturno, ele preencherá o mesmo espaço de 10 mil galáxias e 1 quatrilhão de estrelas. As primeiras ondas de rádio emitidas pela humanidade no laboratório de Heinrich Hertz, em 1887, estão agora a 1,88 quatrilhão de quilômetros de distância (aproximadamente 0,001% do tamanho do cosmo).

Em 1996, astrônomos posicionaram as câmeras do Telescópio Espacial Hubble para um ponto aparentemente vazio do espaço sideral, próximo da constelação de Fornax, e tiraram uma foto. Era um espaço minúsculo, do tamanho de uma bola de tênis a 100m de distância  –  ou um grãozinho de areia que estivesse grudado em seu polegar, com o braço esticado à sua frente. Pois apenas neste ponto desprezível a fotografia revelou inacreditáveis 03 mil galáxias.

Isso mesmo, galáxias inteiras, cada uma com dezenas de bilhões de estrelas, como a nossa Via Láctea. Quem sabe o que pode ter por lá, ocorrer por lá... viver por lá? Seria possível alguma forma de vida com tecnologia semelhante ter apontado seus instrumentos para cá e ter visto algo similar – uma imagem com milhares de galáxias em que uma delas fosse a nossa Via-Láctea – e ter se feito exatamente as mesmas perguntas?
A imagem, batizada de Hubble Deep Field, mudou radicalmente a forma como compreendemos o universo, e é por isto que ela é considerada a mais importante já tirada em toda a história da humanidade, e você pode conferi-la abaixo.


Em 2004 a experiência foi repetida, desta vez apontando o Hubble para a constelação de Orion. Dessa vez 10 mil galáxias foram registradas. Esta nova foto ficou conhecida como Hubble Ultra Deep Field, e representa a imagem mais distante do universo que o ser humano já conseguiu captar. É ela que você vai ver agora.


Mais distante e mais antiga, pois esta imagem também é uma volta no tempo. E que volta! Como sua profundidade chega a 13 bilhões de anos-luz e o universo tem idade calculada em 13,7 bilhões de anos, trata-se de uma imagem de 400/800 milhões de anos após o Big-Bang! O universo era um pirralhinho ainda. Percebeu a diferença de nitidez? Desde 1990 o Hubble já teve sua tecnologia substituída e renovada inúmeras vezes. É por isso que, mesmo muito mais distante, a 2ª imagem é muito mais nítida.

A maior medida espacial que existe é o gigaparsec, que equivale a 01 bilhão de parcecs – que por sua vez, equivalem individualmente a 3,26 anos-luz. Na verdade, não existe razão para existirem medidas maiores, pois calcula-se que o raio do universo observável possua """apenas""" 14 gigaparsecs. Mas a partir de agora vamos usar a já citada medida do ano-luz, para fins de facilitação e melhor compreensão do texto.

A maior estrutura existente no universo (ao menos a que conseguimos descobrir até o momento) é um super-aglomerado de galáxias conhecido como Grande Muralha Sloan. Ela foi descoberta em 2003 e possui 1,37 bilhão de anos-luz de comprimento. De novo, trata-se de um número impossível de ser compreendido. Saiba que nossa galáxia, que ainda está MUITO longe de ser totalmente mapeada, tem "míseros" 120 mil anos-luz de diâmetro. Ou seja, ridículos 0,0072% do tamanho da muralha... como eu disse antes, sequer dá pra imaginar algo tão grande. Esta estrutura  encontra-se a 01 bilhão de anos-luz de nós que, se não moramos na maior estrutura da existência, podemos nos orgulhar de morar na 02ª maior: o  superaglomerado Pisces-Cetus, que tem 01 bilhão de anos-luz de tamanho.
Detalhe de uma das mais ricas regiões do
Superaglomerado Pisces-Cetus: o
aglomerado A-168
.
Superaglomerados são, como o próprio nome diz, aglomerados de aglomerados de galáxias. Como tudo no universo, estão em expansão constante, distanciando-se uns dos outros e aumentando de tamanho, pois seus aglomerados (e consequentemente as galáxias destes) também o estão. A exceção até o momento é o superaglomerado de Shapley que, por ter uma unidade gravitacional interativa, está contraindo ao invés de expandindo.
O universo é cheio de estruturas ainda totalmente desconhecidas pelo homem. Mas muitas das conhecidas ainda são completamente misteriosas. Um bom exemplo é o chamado Vácuo de Eridanus, que tem 500 milhões de anos-luz de tamanho e é uma das regiões mais frias do universo conhecido. Não que o universo não seja inteiro gelado (quanto mais longe de qualquer astro, mais frio ele é), mas esta região é a mais fria registrada até o momento: -270,5ºC, 2,5 graus acima do zero absoluto. Uma teoria afirma que ele pode ser um portal para um universo paralelo.

Continuando nossa viagem, chegamos ao Superaglomerado de Virgo (Virgem), um monstro com 110 milhões de anos-luz e mais de 100 aglomerados galácticos incluindo o nosso, que tem o mesmo nome e é um pouco menor: 30 milhões de anos-luz. Embora ambos ainda tenham tamanhos colossais, tratam-se de uma ninharia perto de onde começamos nossa viagem. E depois dele chegamos à nossa próxima grande unidade de medida: o iotametro (equivalente a 105,7 milhões de anos-luz, ou 32,4 milhões de parsecs, ou ainda 01 sextilhão de quilômetros).
Aglomerado galáctico de Virgo.
Entramos agora ao aglomerado em que vivemos, cujo nome é totalmente sem graça e  bastante desmotivador: Grupo Local. Nada daqueles nomes legais em latim... sacanagem pô! Mas enfim,  existem nele cerca de 30 galáxias, e as duas maiores são Andrômeda e a nossa, a Via-Láctea. Ambas estão separadas por 02 milhões de anos-luz e aquela é o objeto mais distante que somos capazes de enxergar a olho nu (embora pareça-se apenas com um minúsculo e quase indistinguível borrão escuro no céu noturno). Mas embora sejam consideradas galáxias grandes, são bastante pequenas comparadas às gigantes que já conseguimos encontrar.
A maior de todas é a IC-1101, do aglomerado Abell 2029, que tem 05 milhões de anos-luz, sendo 56 maior do que a nossa. Na verdade, o aglomerado todo se resume praticamente a ela. Possui mais de 100 trilhões de estrelas, 400 vezes mais que a Via Láctea (que tem "só" 250 bilhões). Graças a ela, o aglomerado Abell-2029 emite nada menos que 02 trilhões de vezes mais luz que o nosso Sol. Talvez seja possível detectá-lo em qualquer ponto do universo, observável ou não. E sabe quanto é isso? É o mesmo que acender 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 de lâmpadas...

Não é brincadeira. Não sei se existe nome para este número embora, como se tratam de 13 trios de zeros, posso arriscar que seja 01 duodecilhão.

Inacreditável, não? Agora chegamos ao território das galáxias. Tirando a já citada IC-1101, que é hours concours, outra galáxia monstruosa é a NGC-4889, também chamada de Caldwell-35 (500 mil anos-luz), seguida por tantas outras, um pouco menores mas igualmente colossais.
Você deve estar olhando as imagens e se perguntando: por que cargas d'água elas são todas espiraladas? Não são. Na verdade as galáxias possuem uma infinidade também de formas e cores, não apenas tamanhos. As maiores são de fato quase todas espirais, mas se recrudescermos um pouco mais, veremos galáxias um tanto bizarras,  como as curiosas "galáxias-girino", que possuem uma "cauda" longa (longa MESMO, de muitas centenas de milhares de anos-luz) muito provavelmente em decorrência de sua colisão ou raspagem com outra galáxia num passado inimaginavelmente remoto.
E isto, na realidade, não é algo inédito entre as galáxias. Na verdade, existem uma série de exemplos similares, acontecidos e ainda acontecendo. As maiores galáxias do grupo local são a nossa e Andrômeda, e ambas estão em rota de colisão. Dentro de alguns bilhões de anos trombarão, e isto pode até significar o nosso fim (se você é fã do blog, já deve ter lido a respeito aqui).
Depois das galáxias gigantes temos as medianas, que medem menos de 100 mil anos-luz de diâmetro.

A essas alturas você já deve ter percebido que não coloquei nenhuma imagem da Via Láctea. E isto tem um motivo: não existe imagem da Via Láctea. Não de verdade. Sabemos que se trata de uma galáxia espiral, mas tudo o que temos são concepções artísticas do que ela pode se parecer. Contudo, não se entristeça: você mesmo pode vê-la! Vá até um local distante das insuportáveis luzes da cidade numa noite de céu bem limpo, e perceberá uma linha larga e pálida cortando o infinito de horizonte a horizonte. Pois é, voilà!

O arco da Via Láctea, visto do Observatório de Cerro Paranal, no Chile.
Mas como disse, não adianta tentar fazer isso no meio da cidade de São Paulo ou qualquer outra cidade que tenha iluminação muito farta. Precisa de ausência total de luz artificial para observar ela ou qualquer outro corpo celeste de forma minimamente decente.
A Via Láctea mede pouco mais de 01 zetametro,  nossa próxima grande medida espacial (equivalente a 105,7 mil anos-luz, ou 32,4 mil parsecs, ou ainda 01 quinquilhão de quilômetros).

Descendo um pouco mais, agora vamos conhecer as galáxias chamadas de anãs. Elas até são visíveis sem o uso de instrumentos, mas seu tamanho seria desprezível, como alguns pixels na tela do seu computador. Por ser uma das mais próximas de nós, a mais conhecida é a Grande Nuvem de Magalhães  que é considerada uma galáxia-satélite da Via Láctea, e só tem grande no nome porque está perto de uma outra galáxia ainda menor, chamada... Pequena Nuvem de Magalhães, que tem a metade de seu tamanho (07 mil anos-luz). Mas isto não a torna integrante do grupo das galáxias medianas. Cosmicamente falando, estas galáxias são tão pequenas que mais se parecem com nuvens mesmo, amontoados de estrelas, disformes e sem uniformidade estrutural alguma, geralmente no papel de meros satélites das galáxias maiores (só a Via Láctea tem nada menos que 24 galáxias satélites).
Enfim... já descobrimos e catalogamos alguns milhares de galáxias, e isto parece muito se não compararmos com o real potencial de 100 bilhões de galáxias que nosso universo provavelmente possui.

Estamos agora ultrapassando as galáxias e nos fixando nos próximos gigantes da lista de corpos celestes. E estes são bonitos! Vamos saber mais um pouco a respeito das nebulosas.
Poucas coisas no universo são mais espetaculares, belas e magníficas do que elas. E sua função também é nobre: tratam-se de berçários cósmicos. Estrelas, planetas... tudo isso nasce numa nebulosa. Nosso sistema solar foi formado a partir de uma, a 05 bilhões de anos atrás. Elas são depósitos de material cósmico, como poeira, plasma e gases como o hidrogênio. É justamente este último que, iluminado pelas estrelas, lhes confere a característica cor rosada. Caso possua também materias mais pesados como silício, carbono e ferro, gerarão estrelas já com toda uma diversidade de planetas lhes orbitando. E, quem sabe, depois de algum tempo... a vida. Lindo!
E, embora não sejam galáxias, podem ser bem grandes. A Nebulosa da Tarântula, por exemplo, é maior que algumas galáxias anãs, e é também o mais brilhante astro não-estelar conhecido. 
Com as nebulosas, entramos numa nova unidade de medida espacial, o exametro (equivalente a 105,7 anos-luz, ou 32,4 parsecs, ou ainda 01 quatrilhão de quilômetros). A maioria delas encontra-se abaixo desta medida. Por serem "nuvens" de poeira e gás elas apresentam, tal qual as nuvens da Terra, uma infinidade de formas e tamanhos, mas têm um extra que as daqui não possuem: cores! As mais belas fotos do universo geralmente são de nebulosas ou de detalhes das mesmas, como a incrível Nebulosa da Águia e suas fantásticas e surreais estruturas, maiores que o nosso Sistema Solar.

Sobre o hidrogênio, aliás, é o elemento químico mais comum do universo, formando aproximadamente 93% de tudo que existe. Os outros 07% são praticamente hélio. Todos os outros 116 elementos químicos naturais que existem não chegam a 01% de toda a matéria do cosmo. Você também é em grande parte feito de hidrogênio (lembre-se que a maior parte do seu corpo é feita de água, uma substância cuja molécula possui 02 átomos de hidrogênio). Esse gás também é o elemento primordial do  universo, tendo aparecido menos de 1/1000 de segundo após a grande explosão do Big Bang. E isso explica sua simplicidade: apenas 01 próton no núcleo, que é orbitado por apenas 01 elétron. Isso o torna um elemento tão estranho que precisa ser classificado à parte na tabela periódica.

Mas é o momento de uma dupla despedida: das nebulosas e dos tão utilizados parsecs e anos-luz. As nebulosas se tornaram menores do que eles e tudo que vier agora também o serão, tornando-os irrelevantes daqui pra frente. Agora vamos entrar em uma nova medida espacial, petametro (equivalente a 01 trilhão de quilômetros).
As medidas agora começarão a se tornar mais familiares, cotidianas... o quilômetro já faz parte de sua rotina.

Dê o último adeus ao ano-luz com esta curiosidade: a Terra já percorreu 450 mil anos-luz girando ao redor do sol desde sua formação. Isto equivale a 4,5 bilhões de anos/órbitas. Nosso planeta é 10 mil vezes mais lento que a luz.

E atenção! Nesta escala, por mais incrível que pareça, já temos a presença humana para registrar. A sonda Voyager-01 já percorreu 17 bilhões de quilômetros desde que foi lançada, em 05 de setembro de 1977. Ela já saiu do Sistema Solar e dirige-se agora para o espaço exterior, sendo assim o mais distante objeto já criado pela humanidade a singrar o espaço sideral. Ela continua se afastando (à 17km/s) e nos mandando sinais até hoje, embora os mesmos demorem mais de 12 horas para chegar até aqui.

Agora vamos entrar no domínio das estrelas! Estas já nos são bem mais familiares, vemo-nas todos os dias à noite, no céu    se o mesmo estiver limpo, ao menos. Lá em cima elas parecem todas iguais, com tênus diferenças de brilho e tamanho... mas não são.
Estrelas, resumidamente, são glóbulos de gás (quase tudo hidrogênio e hélio) queimando por fusão nuclear sem parar a trilhões de quilômetros de distância
, tão densos que são mantidos coesos pela ação da gravidade.

Você deve estar se perguntando: "mas como se sabe do que é feito uma estrela tão longe"!? Simples, com o espectrofotômetro, um aparelho que mede o comprimento de onda da luminosidade que a estrela emite e, a partir daí, compara com o mesmo comprimento de onda de todos os elementos químicos conhecidos. A luz é uma só no universo inteiro, então, sabendo como ela se comporta aqui, sabemos como ela se comporta em qualquer lugar.
Quer testar na prática? Acesse o espectrômetro virtual AQUI.

Que o Sol é uma estrela, isso você já sabe (ou ao menos espero que saiba!). Que ele parece tão diferente das outras porque está BEM mais próximo que elas, também (novamente, espero que sim!). Mas ele não é uma estrela grande. Não, muito pelo contrário. Ele sequer seria percebido se fosse colocado lado a lado com a maior estrela do universo, VY Canis Majoris. Na verdade, é até uma covardia compará-los, conforme você pode conferir na imagem abaixo.

Essa é VY Canis Majoris – ou ao menos um pedaço dela. Tá vendo
aquele pontinho insignificante ali no centro? Pois é, é o nosso Sol...

A guria é tão grande, mas tão grande que, se fosse colocada no lugar do Sol em nosso Sistema Solar, seu diâmetro ultrapassaria a órbita de Júpiter!!! Com seus 2.900.000.000km de diâmetro, você levaria 1.100 anos para contorná-la, caso estivesse voando em um avião comercial. Ou poderia fazê-lo em apenas 02:35h... se conseguisse viajar à velocidade da luz. VY Canis Majoris é, simplesmente, a maior estrela conhecida pelo homem e provavelmente, uma das maiores do universo, pois estrelas tão colossais assim não costumam ter vida muito longa. Logo, não existem tantas como ela.
Mas o "tantas" aqui é relativo... podem ser milhões ou até mesmo bilhões. Dentro de um universo com centenas de quinquilhões, isto é praticamente nada mesmo.


Outra que chega quase ao mesmo tamanho é a WOH-G64, seguida por VV Cephei, V-354 Cephei e KY Cygnus. Todas estas estrelas têm uma coisa em comum, além dos nomes cheios de códigos: são estrelas hipergigantes vermelhas.

Estrelas dessa categoria podem ser gigantescas, mas já perderam quase a totalidade de sua massa e encontram-se no fim de suas "vidas". São velhas corocas que logo (em termos cósmicos, claro) se tornarão, ou buracos negros, ou supernovas ou ainda estrelas de nêutrons.

Estas últimas são formadas quando estrelas monstruosamente grandes colapsam sobre si mesmas, e a pressão em seu núcleo é tão inacreditável que os elétrons (-) acabam se fundindo com prótons (+), formando... nêutrons (neutros) super-hiper-ultra-mega-compactados. Uma colher de chá do material de uma estrela de nêutrons pesaria 06 bilhões de toneladas, o que é mais de DEZ vezes o peso de todas as pessoas do planeta!

Mas existem outras categorias estelares... na verdade, esses astros têm um ciclo de vida assustadoramente similar ao nosso próprio, com apenas 01 exceções: 1ª) nós ganhamos massa conforme crescemos, estrelas a perdem; e 2ª) uma estrela pode se transformar em várias coisas. Dependendo de sua massa e composição, podem, além das já citadas, se transformarem em anãs marrons ou brancas também. Nós já sabemos o que vai acontecer com o nosso Sol, que no momento é uma estrela anã amarela. Basta olhar aqui embaixo.


Ao contrário das galáxias e nebulosas, as estrelas não variam muito em formas e cores... de forma que todas elas têm imagens relativamente parecidas em observações e imagens telescópicas. Que pena.

Complexo estelar das Plêiades.
Embora pareçam próximas entre si no céu noturno, as estrelas estão bilhões e bilhões de quilômetros umas das outras. Nosso amado Sol se encontra a 8 minutos-luz de distância de nós (o que dá uns 150 milhões de quilômetros). Após ele, a estrela mais próxima que temos é Proxima Centauri, que está a 4,22 anos-luz de distância. Isso são 39,9 trilhões de quilômetros!
Quer analogia pra simplificar? Pois imagine que o sol é uma bola de futebol colocada exatamente na marca central do Maracanã, no Rio de Janeiro. Ande 25 metros (aproximadamente metade do caminho até a linha do gol) e coloque no gramado um grãozinho de pimenta de 2mm, que simbolizará nossa tão desprezada Terra. A 5cm de distância crave um alfinete no gramado  sua cabeça será a nossa Lua. Nesta escala, Proxima Centauri seria outra bola de futebol (um pouco menor) aproximadamente localizada na cidade de Knysna, lá na África do Sul, distante absurdos... 6.500km da capital carioca!
E se você é paulistano, pense naquela bola de futebol colocada exatamente no marco-zero da cidade de São Paulo, na Praça da Sé. Se mudássemos a direção, Proxima Centauri estaria na mesma distância lá em Leisure City, na ponta do estado da Flórida, nos EUA! 
Agora imagine, nesta escala, o SEU tamanho...

Proxima Centauri pode ser a estrela mais próxima da Terra após o Sol, mas é tão pequena e sem brilho (e sem graça) que simplesmente não pode ser vista a olho nu.
Mas as hipergigantes vermelhas podem ser grandes, mas nem sempre tão densas ou brilhantes. Estes postos pertencem à R136-a1, uma supergigante azul que, se fosse colocada no lugar do Sol, seria mais brilhante que ele na proporção que o mesmo é mais brilhante que a Lua. E com tanta radiação ultravioleta, nem pensar em vida aqui na Terra.
Do ponto de vista terrestre, a estrela mais brilhante do céu é Sirius, da constelação Canis Majoris (depois Canopus e Arcturus)

O Sol. Pra nós, ESSA é a estrela!
As estrelas menores também nos fazem chegar à próxima medida espacial: o terametro (equivalente a 01 bilhão de quilômetros). Nesta escala, temos as estrelas medianas, como Pistola, uma estrela que, em 20 segundos, libera mais energia que o nosso Sol em 01 ano! E por falar em Sol... ele está aqui! Sim, o nosso amado astro-rei, influência gravitacional de todo o Sistema Solar e responsável direto por você estar lendo esse texto. Exatamente: a energia de seu corpo vem, ainda que indiretamente, das reações bioquímicas que ele provoca (em você e no que você come). Então, da próxima vez que estiver um dia claro e ensolarado, lhe dê as devidas congratulações. ELE SIM é que te mantém vivo.

O Sol tem diâmetro de 1,4 milhão de quilômetros, um pouco mais que nossa próxima unidade de medida, o gigametro (equivalente a 01 milhão de quilômetros). Agora, entramos no domínio das estrela anãs, de todas as cores. Aqui também vemos estrelas meio bizarras, como Regulus, Altair, Vega e Achernar, que rotacionam tão rapidamente sobre si mesmas que se deformam, tornando-se elípticas, como um ovo de galinha! Vega mesmo parece estar viva, pois até muda de forma, similar ao impacto de algo em um balão inflável. Estas são todas estrelas azuis. De um extrema a outro, a menor estrela do universo conhecido é Sirius B, uma anã branca apenas um pouquinho maior que nossa Terra!

Mas o gigametro nos traz um novo ator em nosso palco cósmico. Ainda que bem menor que ele, é aqui que temos os primeiros planetas, e o maior do universo já encontrado é TReS-4, que é 70% maior do que o maior do Sistema Solar, Júpiter. Não existem imagens dele (ainda), mas sabemos de sua existência porque, com relação a nós, ele está bem na frente da estrela que orbita, escurecendo seu brilho. Pela intensidade da luz que a mesma emite, é possível calcular seu grande tamanho.
Aliás, graças aos avanços na astronomia, hoje conhecemos bem mais do que os 08 planetas do nosso sistema. Se perdemos 01 (Plutão) ganhamos mais de 500 para compensar. É isso aí... já descobrimos e identificamos mais de 500 planetas. Não encontrei uma lista deles na internet mas sei que, até janeiro do ano passado, haviam sido descobertos 484 planetas orbitando 408 estrelas. E isso porque nossos métodos de detecção ainda são novos e, portanto, imprecisos. Não temos capacidade ainda para rastrear decentemente planetas pequenos como o nosso.


Contudo, a maioria são planetas gasosos. Incrivelmente densos, mas compostos apenas por gases sob altíssima pressão, principalmente qual? Adivinha? Adivinha!? Adivinha!!? Ele mesmo, o já tantas vezes citado hidrogênio. Sendo assim, são planetas sem superfície e, obviamente, incapazes de abrigar vida. Pelo menos até onde sabemos. Além do mais, 500 pode até parecer muito, mas ainda falta MUITO para descobrir, e com toda certeza detectaremos planetas ainda maiores que nosso atual campeão  mas não tão maiores assim. Se Júpiter, por exemplo, concentrasse 50 vezes mais matéria  (e isso cosmicamente falando é algo até bem simples) deixaria de ser um planeta... e se tornaria uma estrela.

Planetas do Sistema Solar em comparação.

Como dito à pouco, a vida como conhecemos talvez não seja a única passível de existência. Só conhecemos formas de vida dependentes da água. Pode até haver alguma forma de vida em Júpiter ou Netuno, mesmo que apenas microscópicas e nada complexas. Na verdade uma quantidade muito, muito, mas MUITO pequena deve ser de planetas rochosos como o nosso, e uma quantidade ainda menor deve orbitar estrelas do tipo solar como a nossa. Ainda assim, mesmo que seja 01 em 01 milhão, o número final será enorme, pois o total é praticamente infinito.

Agora podemos finalmente ver os planetas que nos são familiares... aqueles que fazem parte do nosso Sistema Solar, dependentes da atração gravitacional exercida pelo astro-rei, o Sol. Pela ordem de tamanho: Júpiter, Saturno, Urano, Netuno... todos esses planetas possuem anéis, embora apenas os de Saturno sejam famosos, por serem mais espessos e, assim, também mais visíveis. São chamados de planetas exteriores por se encontrarem após o grande cinturão de asteróides, que os separa dos 04 planetas mais próximos do Sol.
Estes, aliás, BEM menores do que seus companheiros "de fora" mas, em compensação, todos eles são rochosos, e não bolonas de gás super concentrado. Maaaaassss... já disse, ser rochoso não é garantia de vida. Estar na distância correta da estrela também conta bastante a favor. Desta forma, não temos muitas chances de encontrar vida em Mercúrio e Vênus que, apesar de rochosos, estão próximos demais do Sol e vivem (literalmente) fervendo.

Então temos apenas mais 01 opção: Marte. Todavia, apesar das inúmeras sondas já enviadas para lá, nunca tivemos um sinal claro e inequívoco de que haja qualquer coisa viva por lá.
O único lugar do Sistema Solar que reúne as condições perfeitas para a vida... é ela.

Foto da Terra tirada da Apollo 17, em 07 de dezembro de 1972. Esta imagem, apelidada de
"a bolinha azul", é a mais reproduzida de toda a história da humanidade.

Aaah, a Terra... não existe nada de especial neste planeta fora o fato de abrigar vida. Mas precisaria de algo mais!? Isto por si só é um evento tão raro e tão isolado até onde sabemos que é o suficiente para que lhe demos o devido  valor  embora dificilmente o façamos, não é mesmo?

Vamos voltar aos números. Nosso planeta tem diâmetro de 12.700km e, como você sabe, tem um satélite: a Lua, de 3.500km. Ela não é a maior do Sistema Solar: este posto pertence à Ganimedes (5.300km), uma das 66 luas de Júpiter, seguida de perto por Titã, de Saturno (5.200km), que tem "apenas" 62 luas. Se os planetas exteriores do nosso Sistema Solar são todos gasosos, suas luas não são, e algumas delas possuem chances tentadoras de abrigar vida  embora ainda não exista NADA de concreto a respeito. Europa (a lua, não o continente) de Júpiter é a aposta mais promissora. Está coberta de gelo, e há teorias de que possa haver um oceano por baixo dessa camada capaz de abrigar vida. Se você acha isso estranho, pense no Lago Vostok, na Antártida (leia sobre ele aqui). Existem outras luas estranhas, como Io, de Júpiter, que possui a maior atividade vulcânica de todo o Sistema Solar, ou Tritão, de Netuno, o lugar mais frio (-240ºC) e com ventos que chegam quase à velocidade do som... enfim, com relação à planetas, apenas Marte pode (ou pôde) quem sabe possuir algum tipo de vida, mas as luas oferecem, além de maiores chances, um maior número de lugares atraentes para se procurar.
Abaixo das luas agora temos os chamados "planetas anões", posto ao qual relegamos o tão desprezado Plutão (que, aliás, mudou de nome para 134340 Plutão). Fazem coro com ele Éris, Sedna, Quaoar e Caronte. Aí a gente chega numa questão sinistra: o que cargas d'água é um planeta? Porque, no Cinturão de Asteróides existe Ceres, um corpo celeste que ninguém sabe ainda se é um planeta-anão ou um asteróide (se for um asteróide é o maior de todos, com 950km de tamanho). E ainda existe a categoria "planetóide"... enfim, tem alguns astros que ninguém se entende sobre o que é ou o que deixa de ser. Na última década, várias descobertas só vieram a aumentar a confusão. Então vamos deixar os astrônomos se matando pra definir isso e simbora continuar nossa viagem  até porque ainda não terminamos com os astros... nós vamos voltar a falar de corpos celestes mais adiante. Antes, temos que registrar que chegamos à nossa próxima medida, o megametro (equivalente a 1.000 quilômetros).


Agora chegamos a um momento realmente especial... já somos capazes de visualizar VIDA! Sim, do espaço! Estamos falando da Grande Barreira de Corais, no sudeste da Austrália, que tem incríveis 2.600km de extensão e é a maior estrutura construída unicamente por seres vivos não-humanos em nosso planeta. Ao todo, 300 atóis, 600 ilhas e 2.600 recifes formam um patrimônio mundial da humanidade, berçário de infinitas espécies marinhas e um tesouro incalculável em biodiversidade... que nós estamos destruindo.
O que obviamente não é novidade, nem aqui nem em qualquer outro lugar do planeta! Na verdade desde que o homem apareceu na Terra iniciou o processo de destruição da mesma, embora apenas no Século XX chegou a um nível tão assustador de devastação ambiental. No atual século a consciência ambiental global até despertou, mas ainda é tênue e incapaz de deter o avanço do estrago.

Tartaruga-verde (Chelonia mydas) nadando tranquilamente nas águas da Grande Barreira de Corais.

Nesta escala também temos a 1ª estrutura construída pelo homem: a Grande Muralha da China que, ao contrário do que se apregoa, NÃO PODE ser vista da Lua, tampouco do espaço a olho nu, isso é lenda. Que fique claro que NENHUMA obra humana é possível de ser visualizada a partir de lá. Até os continentes são difíceis de discernir. A muralha é de fato gigantesca, mas fina, estreita demais, razão pela qual não dá mesmo para vê-la do espaço  nem mesmo do espaço baixo, onde pairam alguns de nossos satélites. Imagens de alta resolução feitas a partir deles podem, sim, registrar esta impressionante obra da arquitetura militar construída durante a China Imperial, cuja construção possui 8.800km de extensão (não em apenas 01 muro mas em vários, erguidos por diversas dinastias desde 221 A/C até o século XV, durante a dinastia Ming). Nunca antes ou depois o homem construiu algo tão grande.
Com muito olho (e MUITA boa vontade) é possível distinguir
a Muralha da China na foto acima (tirada por satélite, claro).      
Ainda sobre a possibilidade de enxergar construções humanas do espaço, é até possível... mas não individualmente. Se você estivesse num satélite de LEO (do inglês Low Earth Orbit, Baixa Órbita Terrestre, cuja altura mínima é de 350km) conseguiria distinguir, por exemplo, o borrão cinza da cidade de São Paulo e de outras grandes cidades do mundo, mas não se pareceria com nada artificial ou humanamente construído. Neste sentido, o melhor que poderia ser visto seriam aquelas construções monstruosas de Dubai, Palm Jebel Ali, Palm Jumeirah e The World Islands mas, mesmo assim, seriam dificilmente distinguíveis do restante da paisagem a uma altura tão grande. Mas é claro, quanto mais aproximasse, seria óbvio que, no mínimo, não se trataria de uma estrutura esculpida apenas geologicamente.

E por falar em paisagem, o maior acidente geográfico terrestre do planeta já pode ser visualizado! É o Grand Canyon, um rasgo de 450km de extensão esculpido pelo rio Colorado ao longo dos últimos 17 milhões de anos. Algumas rochas expostas por ele são muito mais antigas que isso, podendo chegar a 1,8 bilhão de anos de idade.
Bem menor que ele, mas com o título de montanha mais alta da Terra, está o monte Everest (ou Sagarmatha no original tibetano) que, com 8.848m de altura, continua a crescer lenta mas incessantemente (bem como toda a Cordilheira do Himalaia) em torno de 5mm/ano, graças à pressão que a placa indo-australiana exerce sobre a eurasiática sem parar a 70 milhões de anos.
Descendo ainda mais, vamos reencontrar alguns corpos celestes (não falei que reapareceriam?). Aqui temos alguns dos menores do universo conhecidos pelo homem, como as diminutas luas Hydra (100km) e Nix (80km). Calculando a circunferência a partir do diâmetro (3,14159265 x 80), chegamos a apenas 251km. Dá aproximadamente 06 distâncias de maratona (42km). Dirigindo um carro à velocidade de 80km/h, você demoraria pouco mais de 03h para dar uma volta completa no pequenino. Achou pouco? É porque ainda não falei de Deimos, de Marte, talvez a menor lua conhecida, com apenas 13km.
Os anos 1980 e suas tosquices... esse era o medonho Halleyfante.
Vamos dar adeus a TODOS os nossos amigos espaciais com os dois próximos. O 01º é famoso, bonitão e de vez em quando vem nos visitar... é o Cometa Halley, que deu uma última passada por aqui em 1985 (eu vi!). Se você é mais jovem, não fique triste... ele vai voltar em 2061 (talvez já seja tarde demais para mim que, se estiver vivo, estarei com 85). Em sua época ele passou a fazer parte da cultura popular, apareceu até no seriado dos Changeman! Aqui no Brasil, inventaram uma horrível "Família Halley" na TV, cujo integrante mais infame era o Halleyfante, que eu chamava muy carinhosamente de "aquele robozinho gay".
Apesar de sua cauda possuir até 03 milhões de quilômetros de extensão (mais de 230 vezes o tamanho da Terra), o núcleo em si tem apenas 11km. Isso mesmo, a mesma distância em linha reta entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Engenhão, no Rio de Janeiro. Incrível como consegue formar uma cauda mais de 270 mil vezes maior! Na verdade a cauda é formada a partir de material vaporizado do núcleo, que por sua vez é constituído de rocha, poeira e gases congelados, e possivelmente água também. Toda vez que ele se aproxima do sol, esse material "derrete", formando a gigantesca (e magnífica) cauda. A cada 1.000 voltas, o cometa perde 10% de sua massa, o que fará com que desapareça totalmente em 300 mil anos. Não se preocupe, vai dar tempo. :P

O último corpo celeste que vou te mostrar neste artigo é Cruithne, do qual você nunca ouviu falar. Com "míseros" 05km de tamanho, é um asteróide ou proto-satélite considerado a "02ª lua" da Terra, por causa de sua órbita surpreendentemente similar à do nosso planeta. Mas isso não o torna uma lua de verdade.

Túnel do Grande Colisor de Hádrons.
Agora chegamos à fase inequivocamente humana, das grandes até as mais diminutas construções compiladas pela mente do homem. No maior extremo, já podemos colocar a maior máquina já construída, o LHC (do inglês Large Hadrons Collider, ou Grande Colisor de Hádrons), figurinha carimbada desse blog. Com seus 8,6km de diâmetro e 27km de circunferência, faz prótons trombarem entre si para criar as partículas fundamentais do universo, como quarks, léptons e o famoso (e ainda incompreendido) Bóson de Higgs  que aliás, já foi encontrado.
E já que falamos de um acelerador, estamos diminuindo aceleradamente agora e as estruturas humanas tornam-se cada vez mais familiares! Mas ainda há espaço para a natureza. O rochedo vermelho Uluru, sagrado para os aborígenes da Austrália, é mais baixo que muitas construções (348m de altura), mas mais comprido que a maioria delas (03km de comprimento). Saindo da horizontal para a vertical temos a maior queda d'água do planeta, Salto Ángel, na Venezuela, com seus 980m de altura. Quase toda a água que cai vira vapor no meio do caminho.
Entramos definitivamente no mundo humano agora.  E isso porque estamos deixando para trás o quilômetro (equivalente a 1.000 metros). A partir de agora, tudo será medido em metros, inclusive os mais famosos monumentos construídos pela humanidade, como a Torre Eiffel (320m), o Arco Gateway (192m), o Obelisco de Washington (169m) e a Grande Pirâmide de Gizé (150m) que, aliás, permaneceu como construção mais alta do mundo por 4.000 anos  um recorde que dificilmente outra estrutura humana conseguirá, dada a velocidade com que recordes são transpostos hoje em dia. Para se ter uma idéia, a Torre Eiffel, inaugurada em 1889, ficou 41 anos na liderança até o Chrysler Building de Nova York a substituir em 1930, e este já perdeu o posto no ano seguinte, para o Empire State Building, na mesma cidade. Este ficou no trono até 1972, quando da construção do falecido World Trade Center, também em Nova York. Hoje, praticamente a cada 05 anos o recorde é batido, mas agora lá pelos lados do Oriente Médio e sudeste asiático.

Atualmente, o Burj Khalifa, inaugurado em 2010 em Dubai, é o mais alto de todos (830m) de altura. Depois dele, mas longe, vêm a Abraj Al-Bait Tower em Meca (601m) e o Taipei em Taywan (509m). Poderia ter colocado o World Trade Center (526m) nessa lista... se ele ainda existisse.

Se você tiver um olho muito bom, provavelmente já vai conseguir distinguir uma "coisinha" em meio a isso tudo. Fique ligado nela.

No plano horizontal, temos navios como as grandes estruturas criadas pelo homem. Se o que primeiro lhe vem à cabeça é o Titanic, você deve ter vivido no começo do século passado. Com seus 270m de comprimento, ele não figuraria entre os gigantes que vieram depois dele, como o japonês Knock Nevis (458m), o francês Batillus (414m) ou o Esso Atlantic (404m), todos petroleiros. Porém, todos já foram desmontados e atualmente não mais existem. O primeiro detinha também o título de mais pesada máquina móvel já construída, com 565 mil toneladas, mas este recorde foi quebrado (junto com vários outros) com o surgimento da monumental Troll Tower, plataforma de gás natural offshore da Noruega, que tem um peso total de 650 mil toneladas de aço e concreto.

Mas não são apenas as máquinas e construções que vão diminuindo de tamanho, é claro! Até agora não falamos de nenhum ser vivo individual, mas eles já podem ser encontrados a partir daqui. Entre as plantas, as maiores em altura são as árvores norte-americanas sequóias (Sequoiadendron gigantea), cujo maior exemplar já medido possuía 112m de altura. Hoje, o recorde é de uma sequóia carinhosamente apelidada de General Sherman, que tem 94,8m. A maior árvore de todos os tempos já medida era um eucalipto australiano, com 132m, em 1872. Todavia, em se tratando de comprimento, as algas da Ordem Laminariales são imbatíveis: chegam a inacreditáveis 300m, crescendo espantosos 1m por dia! É o organismo individual mais longo do planeta em qualquer reino.

Lembra da "coisinha"? Ela já está mais discernível, mas ainda é irreconhecível. Continue com ela no pensamento.

Entre os animais, em se tratando de comprimento, é o verme Lineus longissimus, animal marinho que alcança os 55m de tamanho, o animal mais comprido do mundo. Depois, a água-viva juba-de-leão (Cyanea arctica), com seus tentáculos de 37m e, com MUITÍSSIMO mais volume, a baleia-azul (Balaenoptera musculus), com 33,6m. Esta última também está na liderança do volume (180 toneladas), neste quesito vencendo qualquer animal antes ou depois, o que inclui os maiores dinossauros do passado.
Mas estes últimos eram mais compridos, especialmente os saurópodes como o Amphicoelias fragillimus, cujas estimativas apontam os 58m da ponta do focinho à da cauda. Quase um Boeing 747. Outros também conseguiram ficar maiores que a baleia-azul, como o Argentinosaurus (45m) e o Supersaurus (34m).

Agora já se é possível reconhecer a "coisinha"... se você ainda não se tocou do que se trata, aguarde um pouquinho mais. ;)

Estamos chegando ao fim da nossa jornada. Tanto construções como seres vivos estão ficando cada vez menores, mais reconhecíveis e familiares.
Despedimo-nos dos animais conhecendo o maior invertebrado do mundo, a lula-colossal (Architeuthis dux), que chega aos 18m de comprimento e 900kg de peso. Entre seus companheiros terrestres, destacam-se o elefante, a girafa, o rinoceronte e o hipopótamo, todos mamíferos africanos, e o bisão norte-americano. São os maiores animais que ainda existem fora d'água (existiam outros ainda maiores, mas tratamos de exterminá-los até a aniquilação total).

Finalizando a participação do Reino Plantae, o saguaro (Carnegiea gigantea), espécie de cacto do deserto de Sonora, no Arizona (EUA), pode alcançar até 15m de altura, sendo a maior planta (excluem-se aí árvores de grande porte) que existe. Pode chegar aos 200 anos de idade e atingir 10 toneladas de peso.

E então, querido leitor, finalmente chegamos àquele capaz de observar, captar, calcular, mensurar e disponibilizar isso tudo. Isto mesmo, aquela "coisinha" que lhe pedi para  ficar atento agora está plenamente visível e reconhecível! Estamos falando exatamente de...


Este é o seu momento! Não se sinta diminuto... tudo e todos têm seu lugar no universo. Isto pode até soar poético e meio místico, mas é a pura realidade.
Todavia, não pense que és a menor coisa que existe. Com efeito, podes ser a maior 
 depende do ponto de vista. Existe todo um universo menor que você! Na próxima postagem vamos te colocar como a mais colossal estrutura do universo partindo do conceito das supercordas, espuma quântica e comprimento de Planck. Você vai se sentir um gigante! E seu ego irá aos píncaros!

Agora, uma perguntinha: depois de tudo que viu e leu, você acha mesmo que um suposto deus (qualquer um dos milhares que já inventamos para justificar nossos desesperos bobos) criaria um universo desses, com números desse tamanho e com tantos lugares diferentes para querer se preocupar apenas com a SUA vida sexual!?

Pra terminar este artigo bem (e claro, se gostou dele) você deve agora ser coerente e agradecer ao verdadeiro responsável por sabermos tudo isso. Aquele que, desde 1990, nos presenteia com as mais fantásticas  e importantes imagens já visualizadas pelo homem, num salto tecnológico tão revolucionário quanto aquele que Galileu deu ao apontar sua luneta para o céu em 1609:

OBRIGADO, TELESCÓPIO ESPACIAL HUBBLE !

Mas é claro que tem links! Sempre tem!