terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Extinção da Humanidade: Início

Os leitores mais assíduos do blog já devem ter percebido que eu não sou um grande entusiasta de nossa espécie. Ao contrário, trabalho num processo de desconstrução do mito da grandeza humana. Não somos uma criação de Deus (até porque ele não existe mesmo, pare de se iludir com isso), somos uma criatura viva como qualquer outra, sem nenhuma pretensa superioridade sobre nada neste planeta.



Se você pensou que era maaais um texto sobre a profecia maia de 2012, errou. Aliás essa já tá pra lá de manjada... o negócio agora é 2016, ou 2034, 2047... ou simplesmente, "em breve".
Tão "em breve" como tem sido desde 44 D/C. De lá pra cá, o fim do mundo já foi anunciado quase 250 vezes (conforme link no final do artigo).

E sabe por que SEMPRE deu e SEMPRE VAI DAR errado? Porque as previsões tiveram – e ainda têm – caráter religioso, com "especialistas" "apoiados" em "estudos", "definições" e "cálculos" que têm por "base" as escrituras bíblicas ou qualquer outra insanidade "fonte" relacionada.

Credo, nunca vi tantas aspas na minha vida... mas todo texto que trata de religião tem que ter muitas delas, especialmente se falar sobre lógica, evidência e prova.

Aliás, essa palhaçada já foi adiada e desmentida tantas vezes que não consigo entender como ainda tem tanta gente que acredita de fato que alguma coisa vá acontecer no final do ano que vem... só demonstra o quanto a ignorância ainda domina as mentes da maioria das pessoas mundo afora. O último e mais claro exemplo disso veio em maio deste ano, quando um "matusalém" norte-americano chamado Harold Camping previu o fim do mundo no dia 21 daquele mês. Você deve ter visto nos jornais, foi notícia (circense) no mundo todo. Todo mundo tirou sarro. ÓBVIO que não aconteceu nada, assim como NÃO aconteceu em 21 de maio de 1988, nem 06 de setembro de 1994 (outras datas que ele também anunciara como sendo o dia do juízo), e como também NÃO vai acontecer em 21 de outubro próximo (sim, ele insiste!), ainda outra tentativa desse mongolóide de acertar o dia do Apocalipse. E ele ainda tinha uma "garantia": the Bible guarantees it! (a Bíblia garante!). Pfffffffff...
Se isto por si só não fosse surreal pense que, em TODAS as vezes, milhares de idiotas acreditaram nesta besta quadrada e chegaram a vender tudo que tinham e se desfazer de todas as suas economias, esperando pelo arrebatamento... que não aconteceu. E que NÃO vai acontecer.
Bom, se o que ele queria era reconhecimento pode-se dizer que, ainda que de forma meio torta, conseguiu: http://migre.me/5OUVK


Não se preocupe: pode dormir tranquilo todas as vezes em que
Harold Camping previr o fim do mundo.
Só existe uma realidade nisso tudo: nós, como qualquer outro organismo dotado de vida, vamos morrer. Podemos até ser intelectualmente especiais (há controvérsias) mas, assim como qualquer outra forma de vida, somos suscetíveis à ação de processos biológicos naturais, como o inevitável envelhecimento, ou de doenças e infinitos outros contratempos.
Igualmente, assim como toda espécie viva deste mundo, a nossa também tem – ou DEVERIA ter – um certo, digamos, tempo para viver sobre a face do planeta.



O ser humano se tornou uma praga biológica, sem controle sobre seu próprio crescimento e consumindo desenfreadamente toda sorte de recursos disponíveis. Sua alta taxa de natalidade e baixa taxa de mortalidade fazem sua presença sobre este mundo parecer definitiva, mas o que quase todo mundo ignora é que o ser humano é uma espécie suscetível a N formas de desaparecer da face da Terra. Não se dá conta e nem mesmo a menor importância a isso, mas algo assim pode simplesmente acontecer a qualquer momento. E não falo aqui dos nossos pouquíssimos inimigos naturais ou de nossos próprios meios de contenção demográfica, como a guerra, a fome e a miséria.

É sabido pela ciência que a humanidade já passou por várias crises populacionais ao longo de sua história – algumas quase nos dizimaram por completo, como a de Toba – mas também existem modelos teóricos contemporâneos muito interessantes sobre um futuro colapso de nossa civilização, como as teorias malthusiana (e sua atualização neomalthusiana) e de Olduvai.


Thomas Malthus afirmava, já em 1798, que o crescimento populacional era uma ameaça à própria humanidade. Embora tenha errado em alguns pontos (a população mundial não dobrou a cada 24 anos como ele previra), sua teoria permanece atual talvez como nunca em tempos onde a superpopulação há muito já é um problema reconhecido e onde medidas de contenção da mesma são barradas, dificultadas ou mesmo proibidas, como o aborto. Entre as soluções defendidas por ele, uma se mostra completamente incorporada aos tempos atuais: ter somente o número de filhos que se pudesse de fato sustentar. Após 213 anos isto ainda não acontece.


Já a Teoria de Olduvai, formulada por Richard Duncan em 1989, propõe que a civilização começou a ruir com o advento da Revolução Industrial, em meados do Séc. XVIII, e que a sociedade dela decorrente teria um tempo de vida útil de 1 século, iniciado a partir dos anos 1930, quando a industrialização tornou-se mundial. A partir de 2030 então teríamos um processo gradual de retorno ao modo de vida pré-industrialização e, decorrido 1 milênio depois, retornaríamos a nosso estado virginal primitivo, valendo-se da coleta e da caça como meio de vida. Duncan se baseia principalmente no consumo de energia e capacidade de carga humana.


Afora estas duas teorias, o biólogo australiano Frank Fenner (ele já apareceu neste blog, lembra-se?) também defende que a espécie humana já entrou num processo inexorável de extinção, causado sobretudo pela superpopulação e consumo descontrolado, o que nos leva ao vilão principal: o aquecimento global. Ele afirma categoricamente que a espécie humana desaparecerá em 100 anos (veja detalhes AQUI). Alarmista ou até exagerado, mas ele se apega a algo fortemente enraizado no ser humano: sua falta de vontade em promover mudanças e incapacidade de prevenção. E nisto ele está totalmente certo. Somos assim.


Quando fala-se de extinção da humanidade, faz-se necessário frisar que seria unicamente a extinção DA ESPÉCIE HUMANA em específico, e de nenhuma outra mais. É correto afirmar que, caso desaparecêssemos, algumas formas de vida viriam conosco, como alguns parasitas especializados que dependem de nós para sobreviver ou realizar alguma parte importante de seu ciclo vital. Talvez alguns vermes e/ou artrópodes (como piolhos ou sarnas) se encaixem aí, assim como alguns microrganismos. Nossa espécie é seguramente a de maior abrangência do planeta, exatamente por sua capacidade de adaptação a praticamente qualquer ambiente. É possível encontrar seres humanos desde o mais quente deserto até as mais geladas latitudes, passando pelas mais isoladas ilhas conhecidas. Logo, um evento de extinção teria de ser, indiferentemente de sua origem, algo de proporções globais e de grande envergadura. Ao mesmo tempo, se estamos falando da extinção de 01 única espécie, deveria ser algo igualmente específico, que não afetasse a existência de outras criaturas vivas, mesmo que estas vivessem próximas a nós.

Mas qual evento seria o mais eficiente em causar a aniquilação total da espécie humana? Como anteriormente dito, teria de ser um evento de proporções planetárias mas fisiologicamente específico, dada nossa abrangência e especificidade. Assim, existe apenas um tipo de evento global que poderia afetar apenas a nós:

Uma epidemia.

Mas é claro, não é a única maneira. E, para a postagem não ficar gigante (como aliás já está ficando), vou proceder como no artigo sobre superpopulação: dividirei o assunto em várias postagens, a saber:

01 - Epidemia
02 -
Catástrofes naturais
03 - Eventos cósmicos
04 - Auto-destruição


Conforme for postando, coloco os links aqui. Então, fique atento. ;)

Ah sim, eu nem sabia dessa, mas o fim do mundo era pra ter acontecido no último sábado dia 15 de outubro também, de acordo com um bando de loucos adventistas espanhóis da igreja La Verdad Eterna. Bem... ainda estamos aqui. :D

Para finalizar, deixo-os com algumas opiniões a respeito de nosso futuro, feitas por cientistas e não por religiosos ou seja: há de fato motivo para se preocupar.

  • “Eu já vi a vida selvagem ameaçada pela crescente pressão humana em todo o mundo, e não é por causa da economia ou da tecnologia. É que por trás de cada ameaça está a estarrecedora explosão dos números da população humana. Qualquer ambientalista sério sabe perfeitamente bem que o crescimento da população é o cerne de todos os problemas ambientais”. (David Attenborough, diretor do The Optimum Population Trust, para o jornal The Telegraph, em 14/04/2009)
  • “Um câncer é uma multiplicação descontrolada de células; a explosão populacional é uma multiplicação descontrolada de pessoas. Nossos esforços devem passar do tratamento dos sintomas para a extirpação do câncer… Nós devemos ter um controle populacional compulsivo se os métodos voluntários fracassam”. (Paul Ehrlich no livro The Population Bomb)
  • “Se ocorrer o total, absoluto e definitivo desaparecimento do Homo sapiens, não somente a comunidade da vida na Terra continuará a existir… mas o fim da época humana sobre a Terra será comemorada com um caloroso 'feliz libertação'!” (Paul W. Taylor, professor de ética na City University de Nova York, no livro The Etichs of Respect for Nature)
  • “Nós viramos uma praga para nós mesmos e para a Terra. É cosmicamente improvável que o mundo desenvolvido opte acabar com a orgia de consumo de energia fóssil, e que o Terceiro Mundo abandone seu consumo suicida da natureza. Enquanto o Homo sapiens não voltar ao estado de natureza, para alguns de nós só resta aguardar o vírus certo para ficarmos sozinhos.” (David Graber, do U.S. National Park Services)
  • “Fornecer energia abundante e barata à sociedade equivaleria a dar uma metralhadora a uma criança idiota.” (Paul Ralph Ehrlich, professor da Stanford University)

Alguns links interessantes:


Extinções são a chave para a evolução. O crepúsculo dos dinossauros permitiu o desenvolvimento dos mamíferos e nosso subsequente surgimento. A humanidade nada mais é que uma mera consequência de um acidente cósmico.
E o nosso fim seria de um benefício sem igual para a vida na Terra.


Nenhuma espécie é imune à extinção. Um dia será a nossa vez.