sábado, 11 de dezembro de 2010

Você crê? No quê? E por quê?



Vamos ser diretos: você acredita em Deus?

A pergunta a princípio pode parecer simples e de fácil resposta: SIM ou NÃO.

Contudo, esta é uma das questões mais fundamentais da existência humana desde que nossa capacidade de pensamento nos tornou "diferentes" dos outros seres vivos. Portanto, tal resposta especialmente no caso de ser positiva não é e nem pode ser curta.

Mas é exatamente isso o que o status quo predominante deseja.
O fato é que quase ninguém sabe SE crê, e muito menos NO QUE crê.

Se você convictamente NÃO CRÊ, pule essa parte e considere finda a discussão. Os porquês devem ser realocados para uma próxima vez.
Todavia, se crê... crê em quê? E em quem? Existe algo em torno de 3000 religiões no planeta e, embora muitas delas sejam ramificações e cisões umas das outras (vide o cristianismo, que conta com católicos, batistas, anglicanos, protestantes, presbiterianos, ortodoxos, evangélicos, pentecostais, neopentecostais e mais uma porR@#%$ de outras tantas), quase todas possuem seu próprio Deus supremo. Some-se a isto o fato de que muitos deuses têm uma infinidade de nomes diferentes, e não quero com isso dizer que eles têm nomes diferentes em cada língua existente.

Um exemplo? Só o Deus dos muçulmanos, Alá, tem aproximadamente 100 formas distintas de ser chamado, quase todas adjetivos (o que é uma tolice visto que, tradicionalmente, um Deus é um ser perfeito, munido de todas as virtudes que existem) e muitas delas extremamente parecidas entre si. Uma perda de tempo.

Ou seja: se você crê em Deus, pode me dizer EM QUAL?

Ignorando todos os milhares de Deuses e todas as suas subsequentes centenas de milhares de nomes, apelidos, denominações e o car@#&$ a 4 em qual TIPO de Deus você crê?

Vamos às três hipóteses:

Se você acredita num Deus que criou o universo e mantem controle total sobre o mesmo e em todas as suas formas de vida, definindo seu destino, encaminhando sua vida passo a passo e atendendo (ou não) as preces daquelas que são sencientes. você é um TEÍSTA. Para você, nem mesmo uma única bolha dentre as milhões que se formam em uma onda marinha estoura se não for da vontade de Deus. Para você, Deus tem um plano para sua vida e você é obrigado a seguí-lo com fidelidade inabalável, porque "é o que Deus quer".

Se você tem consigo que existe um Deus que criou o universo, a Terra e tudo o mais, mas limitou-se a isso, sem controlar nossas vidas, nossas ações e sem manter vigilância constante sobre você, pode-se considerar um DEÍSTA. De acordo com o que acredita, Deus em nada interfere, tampouco se interessa pelas questões e dúvidas humanas.

Agora, se você olha a natureza e "consegue" ver Deus numa árvore, ou no sol ou seja lá no que for, então você é um PANTEÍSTA. Para você, a gravidade, o movimento das marés, as órbitas celestes... enfim, todas as forças que moldam o funcionamento natural da existência material podem ser chamadas, em uníssono, de Deus.

Percebam que o poder e a influência de um suposto Deus vai diminuindo na ordem em que (propositalmente) coloquei as três formas humanas de crença divina. Mas em resumo, podemos definí-las da seguinte forma: o deísmo é um teísmo moderado; o panteísmo, um ateísmo disfarçado.

Ao que me parece (e posso estar errado em tal conclusão), o panteísta não tem um Deus nominal, ou uma religião específica. Mas ainda assim, ele tem dificuldade em NÃO chamar alguma coisa, qualquer coisa, de Deus.

Embora não haja problema algum nisso.

Excetuando-se este pormenor, eu confesso que aprecio a visão panteísta. Creio (héin!?) que, mesmo me considerando um ateu, posso admitir alguma simpatia pessoal pelo panteísmo. Talvez minha formação biológica contribua para esta admiração inabalável pela natureza e os seres que a formam.

E você?

2 comentários:

  1. Eu me considero um panteísta com tendências paganistas, rs. Mas... eu não diria que eu acredito em Deus. Deus, essa entidade, denominada por essa palavra - acho que isso é esse conceito panteísta digerido pela nossa mente, transformado em algo mais tangível, mais antropomórfico.
    O que, claro, não me exígue de crer na existência e ação de uma série de seres superiores a nós. Acredito que o ser humano e o estado de consciência próprios da humanidade são não mais que uma faixa de gradação de um continuum de existência bem, bem mais amplo do que podemos suspeitar.

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  2. achei interessante o panteísmo, não conhecia essa denominação. eu me considero ignóstica, no sentido de fazer questão de discutir a definição da palavra "deus" antes de fornecer qualquer resposta a quem me pergunta se eu acredito em deus ou não. aprecio muito as ciências biológicas (e um dia ainda vou estudar isso a fundo), então também tenho simpatia pela idéia de considerar qualquer manifestação da natureza como algo divino.

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