domingo, 27 de fevereiro de 2011

Superpopulação: O Papel da Religião

"Crescei e Multiplicai" - este tem sido o principal problema: multiplicamo-nos como ratos!

Já falei até exaustivamente sobre como os progressos científicos da humanidade (como agricultura, tecnologia, vacinação e etc) ajudaram nossa espécie a tornar-se a dominante do planeta. Todos esses avanços contribuíram para a manutenção de nossa vida além da expectativa de vida que tínhamos outrora, o que fez com que aumentássemos enormemente nosso próprio contingente sobre a face da Terra.

O problema é que, com o aumento de gente, também aumentou o número de nascimentos ao ponto da coisa fugir do controle.

Tudo isso você já sabe, mas o que talvez ainda esteja envolto em névoa seja a gama de causas, além dos avanços já citados, que contribuíram para essa atual massa de 250 milhões de toneladas de gente enchendo o saco do planeta.

PS: não pense que isso é muito não... a massa total de krill, um camarãozinho minúsculo que serve de comida para baleias, é de 0,5 bilhão de toneladas, e arrisco-me a dizer que fungos e bactérias possam ser ainda mais pesados.

Pois bem. Qualquer plano de controle populacional passa, necessariamente, por duas ações principais: massificação das cirurgias contraceptivas e legalização do aborto.

Como disse na postagem abaixo, ao menos aqui no Brasil o tema aborto é tratado como obra do diabo! Seja em que circunstâncias forem, a criança TEM QUE nascer! Mesmo que a mãe corra alto risco de vida, a criança tem que nascer, mesmo que seja órfã depois.

Por mais que insistam que este pensamento vai de encontro à ética, à moral e toda essa ladainha chata de gente falso-moralista, a verdade é que esta visão de mundo é, antes de mais nada, religiosa.

E a ojeriza ao aborto tem exatamente essa origem: a religião. E, claro, à decorrente ignorância advinda da mesma.

A princípio, todas as religiões são contra o aborto. O problema é que algo como nada menos que 80% da população mundial acredita em algum deus e, desta forma, segue alguma doutrina religiosa. E se todas são contra o aborto, estamos bem encrencados...

Contudo, umas são mais do contra que outras.

Ocorre que a explosão demográfica está tão fora de controle que alguns líderes religiosos já tomaram vergonha na cara e começaram a flexibilizar suas opiniões cambrianas à respeito. Deixaram de ser “contra o aborto” para se tornarem “desfavoráveis ao aborto”... dá-se a isso o nome de eufemismo.

A mais veemente na posição condenatória é justamente a mais poderosa e influente de todas: a Igreja Católica Apostólica Romana – ICAR. Para esses seres que pararam de evoluir lá pelo Século XIV ou XV, o aborto é inadmissível sob qualquer aspecto, mesmo que seja produto de estupro, que traga a certeza de morte para a mãe e/ou que o bebê nasça com alguma deformidade gravíssima que o mate pouco depois do parto. Para eles, a criança pode nascer sem pai, sem mãe e sem qualquer perspectiva de vida. O que importa é nascer. Viver é irrelevante.
Inclusive para quem fizer o aborto a pena é a excomunhão, que nada mais do que a perda dos sacramentos e da comunicação com a ICAR. Para os católicos, isto é pior que a morte. Vai entender...

Acredite: isto é apenas um amontoado de células, não uma pessoa.

Eu pessoalmente não consigo entender o valor que os religiosos e os ditos "éticos" dão a algumas células em detrimento de outras... se realmente uma célula é algo assim tão valioso, que nunca mais escovemos os dentes ou mesmo cocemos um prurido, pois eliminamos milhões de células nessa brincadeirinha...

E rapazes, nunca jamais e em tempo algum soquem umazinha, pois numa única ejaculada algo em torno de 400 milhões de espermatozóides são liberados... E MORREM! Vocês deveriam ser excomungados!

A ICAR ainda condena o uso de preservativos, pois são "contra a vida" e tudo que for dessa natureza vai contra deus. Defende ainda que a melhor maneira de não procriar e/ou não contrair doenças sexualmente transmissíveis é, simplesmente, parar de fazer sexo.

Amor, vamos transar? Espere, primeiro tenho que ver o que a Biblia diz à respeito...

Outras igrejas cristãs, como as Protestantes, são mais flexíveis. Defendem um estudo para definir-se a partir de que ponto um feto é considerado gente: até então não seria necessariamente um aborto. Mas a grande diferença está na preocupação com a vida da mãe: se esta estiver em perigo, tem prioridade sobre a do bebê. Deixam inclusive para o médico a autoridade para decidir por um ou por outro, mas consideram (muito acertadamente, diga-se) que a mãe é mais importante.

Os muçulmanos são “desfavoráveis” (uma maneira mais suave de afirmar que são contra) o aborto, mas recentemente muitas autoridades islâmicas têm flexibilizado a questão. Para eles, a resposta está no próprio Corão, num verso que diz, resumidamente, que “só depois de talhados os ossos e estes estarem encobertos com carne aí sim se produz uma criatura de deus”. Ou seja, antes de ter aparência ou estrutura de um ser humano, um feto não é, necessariamente, uma pessoa.

No budismo, como no hinduísmo, o sêmen é o real transmissor da vida. Assim, é o homem o portador da vida, cabendo à mulher o papel de mera portadora de um aparelho concebido para proteger o feto. É também direito único do homem decidir se a gestão é interrompida ou não. Entre gueixas (leia-se putas) o aborto é absolutamente normal, já entre “mulheres sérias” o aborto só é feito perante autorização expressa do marido. São visões machistas, sim, mas que podem contribuir para a baixa natalidade nos países em que são dominantes, notadamente o Japão. "Ah mas o hinduísmo é predominante na Índia e a população lá não para de crescer" você diria. É verdade, mas não esqueça de que na Índia quase 40% da população sequer é alfabetizada, ao passo que no Japão essa taxa é de.menos de 1%.

No judaísmo, a vida da mãe é mais sagrada do que a do feto, conforme a Mischna. E vão ainda além: o feto só é considerado gente quando nasce. Uma resposta muito inteligente partiu do rabino de Nova York David Feldman, que em 1969 afirmou queo aborto interrompe indubitavelmente uma vida possível, mas se uma mulher decide, após a concepção, interromper a gravidez, não estaria muito distante daquela que deixa de ter relações com seu marido para não conceber. Se no segundo caso não há homicídio, também não há no primeiro”.

No espiritismo, a vida do ser que existe é considerada prioritária à daquele que ainda não existe. Segundo a doutrina, a “alma” sempre existiu, desligando-se pela morte e reencarnando em outro corpo. Para eles não há, no caso de um aborto, a “morte” de um ser, mas a frustração de um espírito que tem seu futuro corpo eliminado. Se as razões para este aborto forem injustificáveis, os causadores terão naquele espírito um inimigo perigoso, causador de males futuros... aHUahuaHUaHUAhuAHUaa !!!



Podemos então começar a pensar: embriocídio e feticídio (acabei de cunhar os termos) deveriam ser considerados homicídio pela forma da lei? Matar uma pessoa que legalmente não existe ainda seria assassinato? Quando uma blástula, uma gástrula, ou mesmo um mísero óvulo passa a ser considerado gente? Deveríamos condenar todas as mulheres por menstruar e, dessa forma, eliminar um óvulo potencialmente fértil? Ou todos os homens que se masturbam ou têm ejaculação noturna involuntária? Por mais absurdo que pareça, há religiões que condenam os “que jogam fora a semente”...
E não pense você que é alguma religião extinta ou pouco conhecida não. É a religião Católica Apostólica Romana. Segundo Gênesis 38:9-10, Onã foi MORTO pelo próprio Deus por evitar ter filhos com sua esposa Tamar, viúva de seu irmão Er, utilizando-se do chamado coito interrompido, o popular “nas coxas”. Numa época sem camisinha ou pílula, era a melhor maneira de evitar-se filhos.

A Morte de Onã, de Franc Lanjšček. Deus o matou apenas por bater uma punheta..

Se o Todo-Poderoso-Misericordioso-Bondoso-Justo fosse fazer isso com todo homem do planeta que terminasse uma relação sexual socando umazinha, sobraria algum sequer no mundo?

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