sexta-feira, 4 de março de 2011

Aborto: Um Exemplo Positivo

Taxa de Criminalidade nos EUA
Taxa de Criminalidade no estado de Nova York
Fontes: U.S. Census Bureau, Statistical Abstract of the United States e Federal Bureau of Investigation.

Entre as décadas de 1960 e 1980, a  criminalidade, particularmente a incidência de crimes violentos, explodiu nos EUA a níveis horrorosos até que, no início dos anos 1990, caiu de repente e de forma abrupta.

Por quê? Educação? Conscientização? Leis mais duras? Tolerância zero? Quem sabe uma onda de bondade contagiou o povo então...? Enfim, todo mundo tentou achar alguma explicação, mas os dados não eram nada convincentes... até que Steven Levitt tornou público o óbvio:

A criminalidade caiu em consequência da liberação do aborto nos EUA, em 1973.

Levitt constatou que, com a regulamentação do aborto, o nascimento de criminosos reduziu-se consideravelmente nos EUA. Aqui no Brasil a revista Época publicou a respeito e disse tratar-se de uma teoria "polêmica", mas para mim e, tenho certeza, para vocês trata-se de uma comprovação tão lógica que polêmico mesmo só o fato de não conseguirem perceber o quão óbvia ela é:

01 - A criminalidade é comprovadamente maior onde há muitos nascimentos de mães solteiras e/ou adolescentes e/ou sem condições sócio-econômicas. Não se trata de dizer que pobre é bandido, vamos parar com esse coitadismo pernicioso! Só que este é sim um fato que não podemos ignorar: a criminalidade é SIM maior em áreas pobres.

02 - Mulheres com este perfil são exatamente as que fazem aborto nos países onde ele é legalizado. Portanto, evita-se o nascimento de crianças em famílias desestruturadas e incapazes de prover-lhe uma vida decente.

03 - Logo, quanto menos crianças em famílias assim, menor o número de potenciais criminosos.

O que se conclui disso tudo? Que poderíamos viver em cidades bem melhores e absurdamente mais seguras se a Igreja e os grupelhos anti-aborto se preocupassem mais com pessoas do que com mórulas... 

Para algumas pessoas, esta blástula merece mais atenção,
cuidado, carinho e respeito...

... do que esta criança.

Isso me faz lembrar que, se não me engano nessa mesma época em 2009, uma múmia lá do Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo da cidade, arrepiou os pelinhos anais quando a mãe de uma menininha de 09 anos que havia sido estuprada concordou, juntamente com o médico, em fazer o aborto, pois a criança simplesmente não aguentaria manter uma gravidez GEMELAR e iria morrer em virtude disto.
A bicha velha excomungou médico e mãe e não fez absolutamente nada, nem uma condenaçãozinha, contra o estuprador que era ninguém menos que o padrasto da criança. Segundo o "santo homem", aborto era muito pior que estupro. Veja aqui.

Mais absurdo e surreal que isso só saber que um montão de gente apoiou aquele imbecil...

Ele e os outros mudariam de opinião se fossem mulheres e levassem uma no rabo...


2 comentários:

  1. Até hoje nunca escutei um argumento contra o aborto que nao estivesse baseado em achismos e teorias religiosas. Aliás religiosos e pró-vida/anti-abortos nao estao preocupados com a "vida" que está em desesnvolvimento. Muito menos com a "vida" que esse embriao terá depois de nascer. Ou as consequências que o nascimento de um ser indesejada provoca na vida da mae, da família ou mesmo da sociedade. Essa gente que vocifera enraivecidamente contra o aborto só tem uma preocupacao: Punir as mulheres por fazerem sexo, até quando este foi feito sem o consentimento dela. Muitos vao me chamar de feminista e blábláblá...(nao ligo para vocês, seus chatos hipócritas)mas a realidade é que obrigar uma mulher a ter filhos que nao deseja ou filhos gerados através de um ato violento só pode ser encarado como punicao. Eu sou a favor do aborto em qualquer circunstância mas nao sou a favor do aborto deliberado, uma vez que existem inúmeros métodos anticoncepcionais MUITO EFICIENTES. Sou a favor da conscientizacao, da educacao e da melhoria ao acesso a esses métodos e aos servicos de saúde. Governo e sociedade devem trabalhar juntos, guiados unicamente por fatos e nao por dogmas, para que o aborto seja cada vez mais raro, porém realizado com seguranca quando necessário...
    (ps: post re-escrito para melhor expressar minhas idéias)
    7 de março de 2011 06:54

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  2. Olá Gustavo!

    Adorei teu blog. Já vou adicioná-lo à lista de links no meu site. Muito bom mesmo!

    Também sou bióloga, formada pela UFSC. E fiquei encantada com os assuntos abordados aqui.

    A questão do aborto é, realmente, um assunto muito polêmico. Não existe um consenso, nem nunca irá existir.

    Concordo com tudo o que vc escreveu. Tudo mesmo. Todas as vírgulas. Mas existem muitos outros aspectos ligados a esse assunto. E que não devem ser esquecidos.

    Sim, é fato que a criminalidade é maior em áreas mais pobres. Mas de que criminalidade estamos falando? Hoje, já se sabe que o uso (e venda) de drogas, por exemplo, é relativamente maior em escolas particulares do que em escolas públicas. E que são os jovens de classe média (mais pra alta que pra baixa) os principais responsáveis por espancamentos e brigas nas ruas, na noite, em visíveis demonstrações de preconceito ou intolerância. Fora os crimes envolvendo graaaandes quantias de dinheiro. Dinheiro esse que um assaltante de supermercado nem tem noção de quanto é. Dinheiro roubado pelos "poderosos" do nosso país. Desviado, lavado, tirado da merenda de crianças nas escolas. Isso também é crime, não? E dos piores...

    Outra questão associada a isso é a da adoção. E a possibilidade dessas crianças serem adotadas? Ao invés de pensarmos em restringir a possibilidade de que elas venham ao mundo, que tal refletirmos também sobre a grande merd* (desculpa o palavreado) que é o processo de adoção no Brasil? Eu falo com vonhecimento de causa. Meu filho é adotivo. Não por eu não poder ter filhos, mas por achar um absurdo colocar mais uma criança no mundo enquanto tantas outras esperam uma família. Realmente, ele seria filho de mãe solteira, condições super precárias, ou nem estaria vivo. Mas, sinceramente, não consigo simplesmente definir assim: "se ele não tivesse sido adotado, seria um criminoso. Então melhor que nem existisse". Hoje, ele tem uma família. É um ser humano. Com identidade própria e uma vida. E, mesmo assim, nada garante que ele não venha a ser um criminoso, no futuro... Entende?

    Também não concordo com o argumento de muitas pessoas (principalmente mulheres), que afirmam que é preciso que a mulher tenha liberdade para decidir sobre o seu próprio corpo, sua própria vida. Sinceramente? Depois que a mulher está grávida, não é mais só o corpo DELA ou a VIDA dela que está em questão. Não falo de estupros, acho que esse é um caso à parte. Mas como deixar para exercer o direito de liberdade sobre o próprio corpo justamente quando já tem outro ser ali dentro? Porque não fazer isso antes, lá na hora do bem-bom? Não tenho religião alguma e isso não tem nada a ver com moralismo e tal. Te a ver com lógica... Com coerência.

    Bom querido, acho que já escrevi demais.

    Um grande beijo pra vc, e vou continuar acompanhando. Tb tenho um site, se quiser dar uma olhada, será bem-vindo!

    Ju.

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