Você respira religião. Mesmo sendo agnóstico ou completamente ateu sua vida é regida por contornos definidos por ela (ou elas). O mundo ocidental segue o calendário gregoriano, que finca o ano zero como sendo o do nascimento do pretenso messias cristão – embora até mesmo a própria Igreja já admita que esta data está errada. Mas todos os calendários do mundo seguem uma contagem de tempo baseada em crenças religiosas. Vivemos em semanas de 07 dias cujos nomes têm sua origem na liturgia católica, dos quais descansamos no último (que, na lenda, foi o dia de descanso de Deus, após ter criado o mundo nos outros 06 anteriores).
A cidade sempre tem uma data religiosa extremamente ruidosa e barulhenta, quando o povo que não tem o que fazer em casa nem inteligência para aproveitar o feriado e ler um livro adora comprar fogos, bombas, rojões e tudo o mais para "celebrar a Deus". Inevitavelmente ouvimos o badalar do sino da igreja informando a hora ou sei-lá-mais-o-que que eles querem, e também sempre há aquele chato evangélico de Bíblia em punho berrando feito uma drag queen em alguma esquina da cidade. Mas isso tudo nada se compara a ser acordado às 10 horas da manhã de domingo por aquelas insuportáveis Testemunhas de Jeová...
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| Algumas religiões acreditam que Deus é surdo, e precisam fazer bastante barulho! |
Aqui no Brasil as repartições públicas normalmente têm um crucifixo beeeem grande instalado em local beeeem visível para todos.
Até em quartos de hospitais eles estão presentes! Não entendo como podem querer que um paciente melhore contemplando a imagem de um homem que foi açoitado, imolado, chicoteado, torturado, espetado, pregado, crucificado e morto!
E isso sem falar na infinidade de feriados de santos (sempre católicos) e tooooooodos aqueles santos que têm seu dia especial, os padroeiros disso e daquilo e toda essa besteirada. Vocês pensam que são 01 ou 02 por dia? Há há há...
Quer um exemplo? eu nasci no dia 09 de novembro e, se fosse cristão católico, teria de achar tempo para reverenciar nada menos que VINTE E SEIS santos, mártires, beatos e outros sei-lá-o-que-mais!
- Beato Enrique Hlebowicz de Borysów, Polônia;
- Beato Gracia de Cáttaro de Mula, Croácia ou de Murano, Itália;
- Beato Jorge Napper de Oxford, Inglaterra;
- Beato Luís Beltrame Quattrocchi de Roma, Itália;
- Beata Carmen do Menino Jesus de Antequera, Espanha (fundadora das Irmãs Franciscanas dos Sagrados Corações);
- Beata Isabel da Santíssima Trindade Catez de Dijón, França;
- Beata Juana de Signa, Itália;
- Santa Eustólia de Constantinopla, Turquia;
- Santa Romana de Constantinopla, Turquia;
- Santa Sópatra de Constantinopla, Turquia;
- Santa Tomaís de Lesbos, Grécia;
- Santo Agripino de Nápoles, Itália;
- Santo Alexandre de Tessalônica, Grécia;
- Santo Orestes da Capadócia, Turquia;
- Santo Ursino de Bourges, França;
- São Benigno de Armagh, Irlanda;
- São Claro de Tours, França;
- São Jorge de Lodève, França;
- São Monaldo de Istria de Veneza, Itália;
- São Nectário Kefalas;
- São Rafael de São José de Vuna, Polônia;
- São Salvador;
- São Teodoro de Alasium ou de Amasée, Turquia;
- São Theodoro Tyro;
- São Vitono de Verdun, França;
- Nossa senhora de Almudena (bastante venerada em Madrid, Espanha).
Porra! Será que cristão católico trabalha!? Ou come, ou dorme!!? Simplesmente não dá pra lembrar dessa santalhada toda e ainda fazer alguma outra coisa no dia!
Quer ver os seus?
E isso só se falando nos santos da Igreja Católica! Nem quero ver para quantos outros eu teria que rezar, reverenciar, agradecer, pedir se procurá-los em outros credos.
Mas com relação ainda à dominância da religião sobre nossas vidas, usamos dinheiro com a inscrição Deus seja Louvado – e ninguém se toca de que isto viola o princípio de laicidade do estado brasileiro. Nas notas de dólar americano há algo similar: in God we trust (em Deus nós confiamos).
Na internet você pode ver declarações divertidíssimas a respeito onde, dentre outras pérolas, atribui-se o poder econômico do dólar americano à tal frase e também sobre uma milagrosa queda da inflação no Brasil do final dos anos 1980 logo depois que a inscrição foi adotada em nosso dinheiro no governo José "não morro não saio" Sarney.
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| Ói ela lá! Algumas pessoas juram que dão mais valor à ela do que àquele número grandão impresso logo acima... TÁ BOM! |
E até mesmo nos descompromissados vícios de linguagem ela se faz presente! Chega a ser uma convenção tão automática que ninguém se apercebe. Quem nunca gritou um “Virgem Maria!” ou um “ai meu Deus!” ou então se aliviou com um “graças a Deus...” que atire a primeira pedra.
Ops, isso também tem origem religiosa!
Tô dizendo...
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